Base
Nacional Comum Curricular (BNCC)
Na
última sexta-feira, 15/12, o Conselho Nacional de Educação (CNE),concedeu o
parecer favorável à Base Nacional Comum Curricular(BNCC).Por vinte votos a três, o parecer seguiu para o Ministério da Educação,
que homologou o documento em 20/12, cinco dias após o seu recebimento.
Não
é viável comentar aqui as 396 páginas do texto, no entanto, é possível abordar algumas questões importantes para o mínimo entendimento sobre este
documento que tem sido alvo de tantas críticas. Inicialmente, é importante
ressaltar que a Base é inédita, trata-se do primeiro documento prescritivo e de
caráter obrigatório. De acordo com o Ministério da Educação, a Base deve
nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas,
como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas do
país, sendo este o seu maior objetivo.
No
entanto, tanto a Constituição quanto as Leis de Diretrizes e Bases (LDB),
estabelecem que a educação deve ser descentralizada, cabendo ao Governo Federal
apenas as diretrizes e as bases gerais da educação nacional ao permitir que Municípios
e Estados construam seus sistemas educacionais de acordo com as suas realidades
locais.Na
prática, isto significa que a Base caminha no sentido oposto quando propõe um
currículo uniforme para as escolas de todo o país.
O
texto não foi objeto de ampla discussão como deveria ser apesar dos doze
milhões de contribuições anunciadas desde o início, haja
vista, os diversos questionamentos
feitos pelas entidades educacionais e profissionais da área. Também constam da
lista as diversas revisões feitas pelo MEC antes de encaminhá-lo ao Conselho Nacional de
Educação para análise e aprovação, assim como a falta de transparência na elaboração do
documento apesar do chamamento público. A inclusão do Ensino religioso dentro das
escolas de um país reconhecido como laico , a tratativa sobre as questões de gênero e o ensino
de História também foram outros pontos importantes.
Que
ninguém se engane: O texto da Base não se ocupa do todo, ou seja, da
coletividade. Trata-se de Ideologia, de um projeto político introduzido dentro
da proposta pedagógica da BNCC. Remete a famosa “Escola sem partido”, onde os
professores devem adotar uma postura acrítica e imparcial, caso contrário,
serão acusados de doutrinação.
A ideia de educação ficou reduzida a formação
dos docentes, as condições de funcionamento das escolas e a aprendizagem dos
alunos em torno das competências anunciadas. Ideia que fica reduzida diante do
enfrentamento das questões, das expectativas do sistema educacional , do papel
da escola e da tão discutida fragmentação do ensino. O documento aprovado trata apenas da
Educação Infantil e do Ensino Fundamental, já os textos referentes ao Ensino
Médio ainda estão sendo estudados em razão de outra reforma que deverá acontecer em breve. De acordo com as
conselheiras Aurina de Oliveira Santana, Malvina Tania Tuttman e Márcia Angela da
Silva, contrárias a aprovação da Base, existem limitações nos documentos
apresentados pelo MEC, principalmente com a fragmentação do Ensino Médio ao
considerarem a verticalização do processo.
Não é possível alcançar com sucesso nenhum objetivo coletivo ou individual sem autonomia,
ética, participação , responsabilidade e transparência. Neste cenário, diretrizes e bases são insuficientes quando não se sabe qual é o caminho a seguir.
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